20/09/2014

II - baicar é muito de amplitudes, tal como as pariduras!

continuando)...
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não se lhe encontravam docs nenhumas tás entender? e isso tornava os mambos muito complicados.

da vida dêle se sabia para cá dum coxito e mesmo assim diz quem sabe,  que o  dito Dido nem nunca foi originato dali, ou inté de lado nenhum,  pelo que o inventaram e assim decorreu os finalmentes dêle ser provávelmentemente de existência duvidosa

mas quem assistiu de o galar por alguma vez, diz que sim, que êle existiveu, mas nem sempre ali... quem nunca o galou... nem sabe, nem quer saber e dizcreve como sendo êle uma invenção.

êle nem conheceu o que eram as águas turvolentas onde gerou-se todo o mundo, não margulhou nas calemas de barriga, porque a mãe dêle dizia que êle não podia ser  geracionado como um peixe e, êla incerta de fazer como,  somentemente o expulsou a tempo fora do previsto, porque as securas interiores lhe faziam a barriga gretada da sêde que as terras antes lamacentas que são depois feridas de rugas profundas por farta das humidades próprias destas cenas, provocavam nela muadiê!

cu berro quêle deu já depois de parido, se assustaram bué todo o pipol e inté chamaram kimbandas, mas o explicado tinha muitas formas que se distanciavam umas das outras.
tás a ver... nada da sua nascitura é de qualqueres  entendimentos ?
mas não faz mal nenhuma meu kamba... é preciso é cangar a essência da coesa e logo adiante a vida promete sabermos mais, mas bem lá no fundo, é como os cacimba... nunca sabemos se uma noite de chuva abundantemente molhada acerta no buraco e a vai dar por enchida e lá ficamos na mesma, como a lesma, quem pode... -  nóis não - fazer de levar a vida se arrastando que nem sabemos nunca pronde ela quer ir.

baicar é muito de amplitudes, tal como os pariduras!

o sol descalça os terra vermelha e a expõe dobrando-se ao tempo da séca, doidando-se de todo como um antipoema mo irmão.
êle se sentia como os grão da terra que massacrados viraram poeira e, ivaginado cá para fora em pleno arimo do kimbo e sobre uma esteira que não parecia ter sido nunca nova, cicuitado pelas pretas véias que lhe atiraram com águas salgadas para que ele durasse muitas luas, até pensou que mergulhava no mar que afinal ainda nem se alembrava de antes conhecer. e as véia gritavam, cantavam coesas esquisitas mesmo e faziam barúios que ponham as cabeça tonta e tudo.
apesar de filho nem de peixe, nem de homem, diziam êlas - êle já vivia no antes de ser, com o saber de preto véio, mas sem as práticas dos vijús!

assim contam... que veio parido a este mundão que todos pensam conhecer, mas só sabem do que pensam ter visto com os óios... é muito complicado, estás a perceber meu kamba?

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(continua...









31/08/2014

I - desacordousê

vou-te contar muadiê, ele fumava-se muito.

de nome num sei, mas todos lhe conheciam de Adolfo Dido.
todo ele era o smel da coisa e já nem era nuvem passagendeira, tava mermo sempre bué nas fofas nuvens! assim distraído e à porta não escancarada, porque não tinha nem era precisa por não haver nada que roubar, tudo era na cubata dele, de um arejamento mais que necessário.

este cavilo e grande viju, tinha nada que fosse por ele despercevisto. assim como se fosse as bumbas dele e lhe davam muito tempo de concentração, então ele, era tudo o que contemplacenava, tás a ver?

naquela tarde tudo tava bué de calmo... inté  cum muadiê que ia passejando por ali, ele galô.
inté que nunca antes o tinha ouvisto como passeiachado  por aquelas bandas levantando poeira nos carreiros.

pô... muadiê, aquele meu que ali vinha, era baita grande mermo, ou seria somentemente da nuvem baita grande de poeira que o trazia?
uma coisa era certa, a passada dele até que dava estremedura no chão e Adolfo Dido, acomotido de muitas devargações complicadas, chaminando fumos pelo nariz... inté a cabeça dele, cavilo, toda ela era fumaça que p'ralém do nariz, intéqui quiparcia sair pelos ouvidos, carapinha, tudo mermo...
desistiu da biula que lhe queimava os dedo e a pisou no chão.
de seguimento, feito engraçado... comicou, más puridemais alto e bom som que inté foi demais, abrotando sua umorisidade negra e escambida e, disse:

- sei não... quantos do povo vão precisar, quando ele um dia afundiar
- caixotão bué grande vão precisar, né?

o mêu passeijeante que nunca antesmente passeijeou por ali na banda, foi como não estivesse ouvisto, o que achemos estranho! no dia nascente deste contado, o meu bué dagrande, voltou de novo à banda e se dirigiu ao Adolfo Dido, assim do jeito direitamente, que como sempremente tava esfumaçando por todo o lado.  se encolheu cumedo, sabia não, das intenções do muadiê bué dagrande.

este, então,  lhe perguntou se podia deixar o seu cartão da apresentação... 

Adolfo Dido, sem conseguir dizer nada, dentes que os grosos lábios tapavam, matraca cerzida, somentemente acenou com a cabeça duma vez para cima, doutra para baixo, como quem diria que sim a tudo, acompanhando o olhar de alto a baixo do méu bué dagrande lhe tirando as medidas certas.


quando este se deslocou lentamente estremecendo o chão e levando a nuvem de poeira maior ainda que ele mermo, Adolfo Dido, que ler não sabia, perguntou na quitanda ao mais véio Djama que andou na missão aprendendo as letras e o deus dos brancos, o que dizcrevia o dito.

véio Djama soletrando com alguma dificuldade atravês dos olho de vidro, que um dia foram de seu ido patrão para o puto - falou e disse 
- é mais ou menos isso aqui:

"descida e ascenção, suave e sem estrilhos"

- agência funerária -

- caixões por medida -

- vamos ao domicilio -


vou-te contar,  muadiê...

Adolfo Dido assentou a magra bunda sobre os calcanhares, ali mesmo e para espanto do mais véio Djamba.
todas as dobradiças se fizeram ranger e, caiu num estatelão para não mais acordar. ficou olhando o céu que naquele dia estava imaculado. Céu é assim, quando carne e os ossos quebram e os olho ficam à janela que alguém sem medos poderá fechar, para que os espírito se desprenda da clausura comdivagar e carma dando tempo para que aja vagas lá em cima. velho Djamba se urgentou de cartão na mão, chamando pela presença do muadiê bué dagrande, que mal, mas ainda se avistava numa nuvem de poeira mais grande que ele mermo, lá onde a sanzala acabava e o mundo deles também!



(continuará... 


estória inspirada em "Quantas Madrugadas Tem a Noite" de:
Onjaky (escritor angolano)

Cávilos de Adolfo Dido